Carta sobre dois mil e vinte

 Eu não sei ao certo como começar esse texto, acredito que isso virou uma rotina, nunca saber como começar algo quando se trata apenas sobre...


 Eu não sei ao certo como começar esse texto, acredito que isso virou uma rotina, nunca saber como começar algo quando se trata apenas sobre mim.

"Querida eu, como você está hoje? Sei que destruída por dentro, mas sempre com um sorriso no rosto. Sabemos que esse ano não foi nada fácil, e nada bom também, sei que se você pudesse você deletaria tudo e todos da sua vida sem pensar duas vezes, mas será que isso iria fazer com doesse menos? E as dores do ano passado, as dores de dois mil e dezenove, dezoito, dezessete? 

 Dois mil e vinte tinha tudo para ser o seu ano, tudo na ponta do lápis para ser o seu ano da virada, planejamos tantas e tantas coisas, ainda se lembra que prometeu a sua mãe que levaria ela para assistir o Flamengo (no maracanã)? E ainda levaria para o pão de açúcar e passear no Rio de Janeiro igual turistas. Foram tantos planos, tantas metas, tantos sonhos, e você viu tudo isso em um piscar de olhos sendo levado para longe de você, porém a culpa não foi sua. 

 Esse foi o ano onde não teve escapatória sobre sentir tudo que um dia já lhe causou algum mal e você descontou em trabalhos, estudos e nunca se permitiu sentir, como você mesmo nomeou "o luto". Esse ano te destruiu de dentro para fora, você não teve o controle igual teve das outras vezes, você chorou, e como você chorou esse ano, você desejou sumir, desejou não ter mais vida. Você se sentiu a pior pessoa do mundo, você brigou com todo mundo, você se sentiu sozinha. Você sentiu que dessa vez ia dar certo, e deu errado. Você se apaixonou e desapaixonou, você ainda está apaixonada, mas ela não sabe, e por você nunca irá saber, pois, colocou na cabeça que vocês não dariam certo se fossem ter algo agora, apesar de que em um universo paralelo vocês tem, vocês se pertencem como jamais pertenceram a outro alguém. Esse ano você finalmente aceitou quem você é de verdade, mesmo odiando qualquer rótulo. Esse ano tirou de você o seu melhor e o seu pior. 

 Você sentiu depois de anos aquela mesma sensação de quando se apaixonou pela primeira vez, apesar de que é nomeada por muitos como alguém que "dá golpe" uma pessoa tem seu coração de uma forma que você não consegue explicar, apesar de todos pesares você sabe que é ela, sua melhor amiga sabe. Dois mil e vinte veio para fazer você sentir, sentir o arrepio de gostar de alguém, sentir saudade de abraçar, sentir borboletas no estômago, sentir como se tivesse perdido toda a razão a amar novamente. Você descobriu um jeito diferente de amar, o destino lhe apresentou pessoas maravilhosas e umas nem tanto. Você sorriu, você dançou, você viajou. 

Sei que estava esperando apenas coisas ruins, mas se nem tudo foi ruim. Você conheceu novamente o frio na barriga, teve experiências loucas, e bom, ficou amiga de alguém que provavelmente não trocaria um oi se fosse em outras circunstâncias. Sei que estava esperando uma carta apenas falando de tudo de ruim que aconteceu nesse ano para você, mas o rumo que as palavras foram tomando não permitiu que nada disso acontecesse. Esse mês de Novembro foi o pior de todos, sabemos, mas olha em sua volta, tem certeza que não há nada para agradecer? Você tem em sua vida pessoas que você sempre esperou que iria te deixar nesses quatro meses e ainda está com você, mesmo que um pouco distante, mesmo que a intensidade não seja como era antes, mas você sabe que pode contar com ela para desabafar, chorar e assistir vídeos aleatórios. Conheceu uma pessoa de riso frouxo igual o seu, que encanta todos em sua volta.

Dois mil e vinte talvez não tenha tão ruim assim, foi um ano de grande aprendizado, acho que cresceu o que ainda faltava crescer. Mas um conselho, lembre-se apenas das coisas boas, o mundo irá te lembrar das coisas ruins sozinhas."

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